Sobre o Backtest em Mini Dólar
A ideia de retroagir no mercado para simular operações não é nova, porém só nas últimas décadas que ganhamos o poder computacional para fazer essa tarefa de forma automatizada. O nome desta técnica é Backtest, justamente porque é um teste que ocorre em um período do passado, para trás (back em inglês) no tempo.
Com o tempo as ferramentas para fazer esse tipo de teste ficaram cada vez mais acessíveis, e nos dias de hoje, há inclusive ferramentas que permitem você fazer esse tipo de teste através de browsers.
No entanto a famosa frase do mercado se faz mais que realidade : 'retornos passados não garantem retornos futuros'.
Saber como uma técnica, ou as entradas de um indicador funcionaram no passado não garante que exatamente a mesma técnica funcionará no futuro, e é por esse motivo que a quantidade de dados é fundamental na simulação.
Quanto mais dados houver na simulação, isto é, mais tempo, mais a estratégia como um todo sofrerá o teste do tempo. Uma estratégia que se demonstra consistente após um longo período de tempo, deve ser uma estratégia que não perde de maneira excessiva em períodos em que ela fracassar, e ganha de forma razoável quando funcionar bem.
Utilizamos essa técnica de simulação não só para simular e sanar a curiosidade de como seria operar em um dado dia; Frequentemente utilizamos esse tipo de teste para otimizar parâmetros diferentes de indicadores de estratégias, filtros, combinações de indicadores, entre inumerável aspectos de uma estratégia. Tomando sempre cuidados para que não hajam problemas nos nossos testes como a super-otimização.
A super-otimização acontece quando a estratégia funciona no seu melhor, porém apenas para aquele período de testes, qualquer outro período de teste terá um desempenho razoavelmente pior. É quando se acha os parâmetros perfeitos para um dado período de negociação.
Esse problema geralmente acontece quando se utiliza poucos dados, mas não é exclusividade. A chave para uma otimização ser válida é de forma geral utilizar períodos diferentes para otimização e teste de validação, se os resultados não forem significativamente diferentes, consideramos que a otimização é válida.
As super-otimizações são comuns para aqueles que estão começando, e não se atentam a este detalhe, por isso é importante ressaltar, porém não é o único problema que pode acontecer nos Backtests, há pelo menos outros dois problemas que são considerados muito relevantes, e estes são os enviesamentos do tipo : Look Ahead e Survivorship.
Comumente não são traduzidos, mas a suas traduções são bem claras e explicativas uma vez que se tem ideia do que está se falando : Olhar para frente, e 'Sobrevivência', respectivamente.
O Look Ahead bias, é quando em um Backtest de uma forma involuntária se utiliza informações que só estariam disponíveis no futuro. Um exemplo muito comum, deste tipo de enviesamento, é quando calculamos alguns indicadores consideramos o preço de fechamento, pois só temos o valor final do indicador uma vez que temos um candle fechado, e ainda sim é utilizada a informação do valor do indicador com o valor de fechamento daquele dado candle. Isso pode causar muitas atrocidades, desde saber qual o próximo fechamento do candle de cinco minutos até saber qual será o ajuste no fim do dia.
O Survivorship bias, é mais comum vermos quando trabalhamos com carteiras de ações. Acontece quando uma ou mais ações sobrevivem por um longo prazo devido a qualidade da empresa, por tanto um investimento em um ativo que sobreviveu durante várias fases da economia e se mostrou consistente, provavelmente gerará lucros, já do outro lado podemos ter empresas que faliram, ou foram compradas por outras empresas, ou mudaram de código, e por qualquer outro motivo deixaram de existir, essas ao longo prazo serão um investimento ruim e é óbvio, pois a empresa não existe mais.
Logo acabamos selecionando no passado apenas as empresas que sobrevivem hoje, porém na época do investimento não necessariamente teríamos as informações necessárias para apontar que tais empresas triunfaram e as outras falharam.
Esses são os três principais pontos que devemos ter em mente ao desenvolver ou utilizar uma ferramenta de Backtest, sempre garantir que : não há utilização de informação do futuro, haja dados o suficiente e não estamos sendo influenciados de alguma forma a escolher empresas ou ativos financeiros no passado apenas porque triunfaram no futuro.
Cada ativo ainda tem sua peculiaridade, e podemos discutir um pouco dessas diferenças. Lembrando sempre que algumas estratégias não são universais, podem funcionar em alguns ativos financeiros, e em outros não, ou a mesma estratégia possuir diferentes otimizações para um ou outro ativo financeiro.
Para o dólar devemos ter em mente que as variações são menores em pontos. No entanto financeiramente o seu tick (variação mínima) é o que tem mais valor, 1 ponto vale 10 reais. E os vencimentos dos contratos futuros, quais letras, e quando a liquidez do contrato deve ser mudada para o próximo. Todo mês há vencimento, e no último dia do mês é preciso prestar atenção para a mudança de liquidez para o próximo vencimento.
Geralmente os programas que possuem a ferramenta de Backtest já vêm integrados com um ativo fictício com o contrato mais líquido, ele muda automaticamente a cada vencimento, não precisando se preocupar com isso.
Não há nenhuma característica intrínseca de estratégias que funcionem diferenciadamente no Dólar ou no Índice. Ambos têm liquidez e espaço para desenvolver estratégias seguidoras de tendência e reversoras à média.
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Publicação: 08/03/2019 22:30
Atualização: 01/06/2021 17:14