Quando falamos de criptomoedas, é impossível esquecer do Bitcoin. Por isso, vou basear mais esse tópico no Bitcoin. Nem tudo que eu disser aqui se aplica a todas as criptomoedas, mas já explica por quais motivos a febre das criptos é tão grande. Bom, vamos lá.

O Bitcoin é uma criptomoeda escassa, descentralizada, aceita globalmente, não deteriorável, serve como reserva de valor e possui um valor intrínseco a ela.

Vamos passar por cada um desses pontos.

Escassez

Quando Satoshi Nakamoto criou todo o sistema bitcoin, ele determinou, pelo cálculo matemático, que só seriam minerados 21 milhões de moedas.

Ou seja, o Bitcoin não sofre inflação, pelo menos não igual às moedas comuns, pois todas elas podem ser produzidas a partir de uma ordem governamental, e o Bitcoin não pertence a ninguém.

Como não é possível produzir Bitcoin loucamente — como vemos ser feito com moedas de países como Venezuela, Argentina e até mesmo o Brasil — a tendência é que ele valorize cada vez mais, caso a procura aumente.

Imagine, por exemplo, que cada um dos 56 milhões de milionários do mundo inteiro quisesse ter um Bitcoin inteiro para si.

Eles teriam que disputar a ferro e fogo, e isso aumentaria muito o valor da moeda. Escassez, portanto, é algo positivo para a valorização do Bitcoin, pois aumenta a demanda e impede a inflação.

A propósito, existe um país que adotou o Bitcoin como moeda oficial. Estou falando de El Salvador, país da América Central, cuja moeda (colón salvadorenho) foi tirada de circulação devido à inflação, substituída pelo Dólar e, agora, também pelo Bitcoin.

Aparentemente, essa foi uma medida bastante estranha para um governo, que deveria ser contra o Bitcoin, já que ele é descentralizado.

Mas que tal falarmos sobre isso no tópico seguinte?

Descentralização

Todas as moedas fiduciárias do mundo são centralizadas. É o Real, o Dólar, o Euro etc. Essas moedas se apoiam em uma garantia mútua entre as pessoas de uma sociedade que “aceitam” que elas têm valor. Uma nota de 10 reais, por si só, possui pouco valor.

Ao lado de uma nota de 100 reais, elas são a mesma coisa: papel.

Porém, o Governo Brasileiro dá uma garantia de que essas notas valem algo, e não qualquer nota produzida por qualquer pessoa.

Uma vez que a população aceita isso, pronto, temos uma moeda. Essa moeda, que tem valor extrínseco e não intrínseco, é controlada pelo governo.

Se ele quiser produzir mais, produzirá.

Porém, com o Bitcoin não é assim. Nem um governo, nem uma instituição privada, nem eu e nem você pode controlar a produção de Bitcoin, e isso só é possível porque o Bitcoin é 100% virtual.

Voltando ao ouro, sobre o qual falamos em aulas passadas, se você quisesse mandá-lo para outro país, primeiro você deveria depositá-lo em um custodiante.

Feito isso, você recorreu à centralização e, querendo ou não, seu ouro está em risco.

Mas com o Bitcoin você não recorre a ninguém para fazer uma transação. Ninguém tem controle sobre o seu valor, sobre a sua produção e, muito menos, sobre as transações que já foram feitas.

O governo pode obrigar um banco a estornar um depósito, mas não pode recorrer a ninguém para desfazer uma transação de Bitcoin.

Bitcoin, portanto, parece ser sinônimo de menos poder aos governos e mais liberdade para as pessoas comuns.

Isso explica por que alguns países determinaram que Bitcoin e outras moedas criptografadas são proibidas em seu território. É o caso de Arábia Saudita, Marrocos, Egito, Vietnã, Bolívia, Equador e Bangladesh. 

Já que estamos falando sobre a aceitação do Bitcoin, podemos passar para o próximo tópico.

Aceito globalmente

“Como assim ‘aceito globalmente’? Você acabou de falar que diversos países não aceitam Bitcoin!” É verdade, alguns países não permitem essa moeda.

Porém, a maioria dos outros países aceitam, e nos mais desenvolvidos o uso de Bitcoin está cada vez mais comum.

É claro que isso está só começando, e é possível que muitos países ainda proíbam ou regularizem o Bitcoin, principalmente aqueles mais autoritários e instáveis.

No entanto, hoje ainda é possível enviar Bitcoin para quase todo canto do planeta de forma segura e anônima.

Não deteriorável

Como eu disse anteriormente, o Bitcoin é uma moeda 100% virtual e, portanto, impossível de deteriorar.

Se você tiver 1 Bitcoin, você pode deixá-lo de herança para os tataranetos dos seus tataranetos sem muitas preocupações.

Reserva de valor

Finalmente, chegamos na finalidade que muitos atribuem como sendo a principal do Bitcoin: ser uma reserva de valor.

Como essa moeda falhou em servir para pagamentos cotidianos, por ter altas taxas e longo tempo de espera (o PIX é muito mais vantajoso, nesse sentido), a opção de muitos investidores é simplesmente investir em Bitcoin na modalidade Buy and Hold.

Há gestores que acreditam que o Bitcoin ainda vai valorizar muito, e que mesmo com preços altíssimos como os atuais vale a pena investir. É o caso de Cathie Wood, que aposta na meta de US$500.000 para o Bitcoin.

Mas, como todo ativo, o Bitcoin não apresenta somente vantagens, e se você está quase se convencendo em colocar seu dinheiro nessa moeda, segure a carteira no bolso por mais alguns minutos, pois é hora de falar sobre os riscos de investir em Bitcoin.


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Publicação: 29/11/2021 10:30
Atualização: 29/11/2021 19:42