Todo trader, em algum momento, passará pela questão do investimento a médio e longo prazos. Ao desenvolver sua carreira e ganhar consistência, o trader perceberá que sua vida é bastante parecida com a de qualquer profissional autônomo como, por exemplo, advogados ou consultores que trabalham por conta própria.
Isso significará, entre outras coisas, que terá seus ganhos enquanto estiver trabalhando. Se ficar doente e tiver que parar de trabalhar, cessará também sua fonte de renda pelo tempo que estiver parado.
Assim como todo e qualquer profissional autônomo, ele também alocará parte dos seus ganhos para compor uma carteira de médio e longo prazo. Nesse momento, suas preocupações mudam de patamar e ele procurará um pouco mais de segurança e estabilidade ao capital que tanto lhe custou ganhar. A vida não é totalmente previsível e sempre será importante estarmos prevenidos contra eventuais contingências.
Em vista disso, ele procurará equilibrar e distribuir seus rendimentos entre diversas classes de ativos, o que aumentará a segurança de seu patrimônio. Afinal, não é sensato arriscar perder parte do seu patrimônio no momento em que você mais precisa dele. Por isso, é importante assegurar-se de que o dinheiro duramente ganho estará à salvo de eventos não planejados.
Alias, todo e qualquer investimento sempre estará sujeito a três variáveis:
- Liquidez – que é a velocidade com que você pode transformar um ativo em dinheiro. É muito mais fácil e rápido, por exemplo, vender alguns lotes de ações para fazer caixa do que vender um imóvel que pode levar meses e envolve uma grande burocracia.
- Segurança – é a probabilidade de você perder o capital aplicado. Um título do Tesouro apresenta chances infinitamente menores de perda financeira do que a compra de Opções a seco.
- Rentabilidade – é o quanto de remuneração seu capital receberá em uma determinada aplicação. Por exemplo, um Título de Capitalização rende em média 3% ao ano, enquanto a Poupança rende, geralmente, 6% ao ano. Isso significa que a Poupança é mais rentável que o Título de Capitalização.
A má notícia é que você jamais terá os três ao mesmo tempo – na média, somente dois deles serão possíveis obter conjuntamente. A Poupança, por exemplo, apresenta liquidez e segurança, mas a rentabilidade é baixa. Um imóvel, por outro lado, dependendo de suas condições e localização, terá uma ótima rentabilidade e oferecerá bastante segurança. Por outro lado, sua liquidez será bastante baixa.
As ações são ativos de alta liquidez e ótima rentabilidade, mas apresentam um risco maior (menos segurança) do que ativos de renda fixa. Normalmente, ativos de maior rentabilidade apresentam maior risco – esta é uma lei natural do mercado ligada à predisposição das pessoas à aceitação de risco. Se você arrisca mais, vai querer ganhar mais.
Se a estratégia de um investidor se constituir na formação de um patrimônio para seu uso pessoal ou mesmo para gerar herança para sua família, ele priorizará a segurança. E é aí que entra a questão da alocação de ativos em uma carteira.
Saber equilibrar as três variáveis na montagem de uma carteira de longo prazo será fundamental para que se obtenha a maior rentabilidade possível dentro de parâmetros aceitáveis de segurança e liquidez.
O que se costuma fazer para mitigar riscos não sistêmicos é a diversificação, ou seja, distribuir seu capital entre ativos de diversas naturezas. Manter uma parte em renda fixa e outra em renda variável oferecerá uma retorno maior do que a alocação integral de seu capital em renda fixa, e uma segurança maior do que a alocação integral em renda variável.
A alocação de ativos em uma carteira é um assunto vasto, repleto de estudos acadêmicos e que tem por objetivo otimizar a rentabilidade do capital investido. Uma das técnicas comumente utilizadas é alocar parte do capital em ativos complementares. Por exemplo, colocar um ativo que se beneficie das importações e outro que se beneficie das exportações protegerá sua carteira de flutuações cambiais.
Manter um equilíbrio constante entre alocação em renda fixa e renda variável garantirá a manutenção de sua estratégia inicial de investimento. Isso poderá ser feito mantendo os percentuais que definiu para cada natureza de ativo. Assim se, por exemplo, você decidiu manter 40% de seu capital em renda variável e o restante em renda fixa, basta realocar seu capital periodicamente na medida em que uma parte se valoriza ou desvaloriza em relação a outra.
Você pode fazer isso retirando de uma para alocar em outra categoria, o que gera custos, ou realizando novos aportes na parte que valorizou menos.
De todo modo, é fundamental que o trader, desde o início de sua carreira, ocupe-se da formação de seu patrimônio para que, quando chegar a idade de usufruí-lo, ele tenha uma boa fonte de renda passiva, o que permitirá desfrutar a vida e curtir o merecido descanso por tantos anos de dedicação ao trabalho.