O verdadeiro atalho (que poucos utilizam) para aprender Análise Técnica

Estratégias para um Trader Iniciante – por onde comecei?

Comparado aos caminhos disponíveis hoje, minha trajetória não foi nada comum, mas é preciso voltar mais de 15 anos no tempo para perceber quais eram as alternativas disponíveis naquela época.

Quais eram as referências nos anos 2000?

Não havia referência fácil e, como eu não sabia por onde começar, no último ano de faculdade, fiz alguns cursos livres sobre estatística e probabilidade na universidade e um curso para operador de pregão Viva Voz, pela própria bolsa de valores. Eu estava perdido.

Me formei em Física pela USP em 2005 e, naquele momento, apesar dos cursos que havia feito, não tinha nenhum preparo técnico para o mercado. Mas o jogo mudou quando fui admitido em uma mesa de operações, para operar Day Trade, em meados de 2006.

Neste ambiente, ao lado de outros 11 trainees, tive a oportunidade de receber treinamento técnico e conviver com traders profissionais, que já eram consistentes há anos. Contudo, uma coisa me incomodava: eu ainda me sentia perdido, pouco confiante e inseguro.

Eu só queria aprender uma técnica confiável, metódica e objetiva, pois me incomodava bastante a subjetividade do que eu vivenciava naquele momento. Para completar, comecei a tirar conclusões precoces sobre o que não funcionava no mercado.

O pior é que essas conclusões estavam completamente erradas e isso viria a atrasar minha jornada, como veremos mais para a frente.

O que não é Análise Técnica?

No curso que fiz pela bolsa de valores, conheci pessoas que já atuavam profissionalmente no mercado, inclusive, algumas como auxiliares de operadores de pregão. Aliás, você se lembra dos operadores do mercado viva voz?

Era comum vê-los no Jornal Nacional, gritando e gesticulando. Mas já parou para pensar que nenhum deles analisava os negócios através de um gráfico?

Alguns recebiam ordens da mesa de operações, mas muitos daqueles operadores, especialmente os Scalpers em carreira solo, tomavam suas decisões baseados na “movimentação” dos negócios, ou seja, lendo o fluxo de operações.

Já na mesa em que  ingressei, 100% das operações eram on-line e aconteciam no mercado norte-americano (NASDAQ e NYSE), que, naquela época, era bem diferente do mercado nacional. Acontece que todos os operadores mais experientes daquela mesa operavam por análise de fluxo; então, eu não tinha nenhuma referência de trader que analisasse o mercado por gráficos.

E foi aí que eu cometi um dos muitos erros que pavimentaram a minha jornada, pois, apesar da completa falta de conhecimento, concluí (erroneamente) que a análise gráfica era perda de tempo – uma mera superstição usada para tentar prever o futuro.

Será que a Análise Técnica prevê o futuro?

Aliás, não era um pensamento apenas meu. A mesa inteira de operadores pensava assim, inclusive, quando apareceu um trainee novo, entusiasta da Análise Técnica, não tardou para este ganhar o apelido de “Bollinger de Cristal”. Esse preconceito me custou caro!

O fato é que até hoje, por ignorância, muitas pessoas concluem que o estudo gráfico se propõe a prever o futuro por meio de um método místico semelhante a búzios em um tabuleiro, quando, na verdade, se trata de um estudo do comportamento dos preços.

Hoje, é fácil encontrar alguém que lhe explique que a Análise Técnica aponta reações prováveis a movimentos específicos do mercado, identificados por padrões e indicadores matemáticos, e não buscam prever nada. No entanto, em 2006, não tive a sorte de receber tal orientação.

Ainda levaria alguns anos até eu desenvolver os insights que me elevaram a outro patamar estratégico e realmente entender como utilizar a Análise Técnica de maneira eficiente.

Quatro fatos que mudaram minha opinião sobre Análise Técnica

Em 2008, ingressei em uma corretora brasileira, mais precisamente na área de gestão de clubes e fundos da instituição. Fui contratado por minha noção de mercado internacional e por entender a dinâmica de fluxo para executar ordens com precisão.

A equipe que eu integrava ficava dentro de uma pequena sala com apenas 4 posições. Em um dado momento, um dos diretores da corretora decidiu alocar um “conselheiro” com a equipe de gestão, que, até então, contava com um gestor e dois auxiliares (eu era um deles).

O novo membro da equipe escrevia alguns highlights no relatório estratégico diário da instituição. Eram notas com expectativas para os principais movimentos do dia, assim como alguns pontos de suporte e resistência comentados para o Ibovespa.

Dizem que a palavra convence, mas o exemplo arrasta, e foi a partir daquele analista que pude presenciar muitas leituras bem feitas sobre o mercado. Nessa convivência, testemunhei quatro fatos específicos que me convenceram de que havia algo valioso nos gráficos.

Aliás, mesmo se você já estuda Análise Técnica, dificilmente verá alguém fazer abordagens como as que descreverei abaixo. Elas foram muito importantes para a visão que tenho hoje sobre os gráficos.

Rating da Fitch, em maio de 2008

Carlos, o tal conselheiro que agradava os diretores da corretora, era um sujeito muito peculiar. Baixinho, atarracado, com mais de 50 anos, que não teve muita educação formal, mas era nitidamente alguém culto. Além disso, talvez pela sua maturidade, não se incomodava em parecer excêntrico… ok, vamos a mais alguns detalhes.

O sujeito tinha manias de limpeza, implicava com poeira na mesa que já havia sido limpa naquele dia, não pegava o dinheiro da própria carteira com as mãos e adorava poesia – ele até andava com um caderninho onde anotava seus poemas. Por isso, tinha o hábito de falar através de metáforas, o que infelizmente ofuscava suas qualidades.

Na manhã do dia 29 de maio de 2008, escreveu no relatório matinal que um evento levaria o Ibovespa a um novo recorde histórico, na parte da tarde, mas que a alta não persistiria e o índice cederia após testar essa região. E assim foi.

Nota emitida pela Folha Online, sobre o grau de investimento da Fitch Rating.

Após o almoço, a Fitch Rating, uma renomada agência de crédito, elevou a nota de classificação de risco do Brasil para “BBB-” e isso deu ao nosso país a fama de “bom pagador”. Nas palavras do mercado, tínhamos obtido o “Investment Grade”.

Na prática, essa nota incluiu o Brasil como uma possibilidade na carteira de grandes players internacionais. Alguns grandes fundos gringos possuem em seus estatutos condições e exigências para investir apenas em nações com o tal Investment Grade.

Contudo, já fazia alguns dias que o mercado tinha expectativas de o Brasil entrar para a panelinha dos países ricos; então, os investidores apenas fizeram valer o velho ditado: sobe no boato e cai no fato.

De qualquer forma, além dessa queda, Carlos, o estrategista, acertou o momento e o preço do Ibovespa naquele dia. Isso foi suficiente para me deixar muito intrigado. Como ele conseguiu fazer isso?

O preço foi uma projeção e o timing também. Como veremos a seguir, a escala do tempo também é importante nos estudos gráficos; além disso, até hoje é comum anúncios ocorrerem na parte da tarde. A Fitch não foi só um chute e  Carlos sabia o que estava fazendo.

O anúncio de uma crise “financeira”, em meados de 2008

Com o episódio da Fitch, passei a prestar mais atenção no analista, que não possuía certificação (se hoje o mercado parece desordenado, imagine em 2008). Ele usava gráficos de linha e vivia colocando uma régua no monitor. Você já viu isso?

Mais tarde, descobri que ele usava a régua para esboçar suportes, resistências, linhas de tendência e calcular projeções de Fibonacci, inclusive na escala de tempo e este era um recurso que as plataformas não disponibilizavam na época.

Desde o começo de 2008, o sujeito alardeou que havia uma crise financeira global muito séria se aproximando. Foi assim por meses, mas ninguém deu ouvidos… até que chegou a crise do subprime no final de setembro de 2008, marcada pela quebra o Lehman Brothers.

Em 2008, Lehman Brothers era um dos maiores bancos de investimentos de Wall Street.

Foi aí que todos pararam para prestar atenção no que aquele senhor tinha para dizer. Então, em um pós-expediente, ele explicou através dos gráficos que os grandes bancos dos EUA estavam muito “descolados” do SP500, o principal índice americano, acusando uma possível bolha financeira.

Foi ali que, mais uma vez, percebi que os gráficos podiam oferecer boas contribuições, afinal, o analista vinha enxergando algo estranho há quase um ano e tudo que ele vinha analisando fazia bastante sentido. Minha opinião sobre os gráficos estava começando a mudar.

Citibank a US$10, em outubro de 2008

Como a minha estação de trabalho ficava ao lado do Carlos, ele soube que eu operei no mercado norte-americano. Então, antes mesmo de a crise eclodir, todos os dias o sujeito me recomendava comprar PUT de Citibank, o que parecia uma ideia bem maluca.

O mais curioso é que esse grande banco tinha acabado de comprar a corretora em que trabalhávamos e o analista não parava de insistir “e aí, já comprou tudo que pode em PUT de Citi? Eles vão quebrar”. Eu só lembro de dar uma resposta evasiva qualquer.

Quando as coisas começaram a ficar feias, vi as ações do maior banco de varejo dos EUA sair dos $200 para $100 e comentei com o autor das estimativas “você tinha razão, o Citi caiu mais de 50%”, ao que ele retrucou “você não viu nada, esse preço vai a $10”. E assim foi.

Gráfico do Citibank de setembro de 2008 a abril de 2009. Fonte: yahoo!finance

Como muitas instituições inseridas naquele contexto, o Citi só não quebrou porque recebeu ajuda do governo dos EUA. Mas o que mais me marcou naquela situação foi que havia um sujeito ao meu lado que dominava técnicas que eu precisava aprender. Foi aí que comecei a estudar análise técnica a partir de blogs na internet (em inglês, porque não havia muita coisa no Brasil).

Vale salientar que eu nem sabia que a análise gráfica era chamada de “Análise Técnica” e essa informação teria facilitado as minhas buscas. Então, pela primeira vez, com quase 3 anos de mercado, entendi o que eram os candles e padrões de reversão e continuidade.

O fluxo do dinheiro, no início de 2009

Ao ver meu interesse pelo assunto, meu amigo grafista começou a me explicar um pouco da sua visão. Mas era difícil entender, pois, como já mencionei, ele era um poeta que adorava falar por metáforas. Só para você sentir como era difícil, vou citar dois exemplos.

Certa vez, ele me disse “na tromba d’água, o Fibonacci não abre o guarda-chuva”, que, depois de muito tempo, eu interpretei como “confie nas projeções de Fibonacci, não importa o que aconteça, e ignore todo o resto”.

Em outra ocasião, quando um operador da mesa perguntou se o mercado era de alta ou baixa, ele disse “estamos no avião, indo para a Bahia. Então, mesmo que você só veja nuvens pela janela, não adianta perguntar ao piloto para onde estamos indo”. Basicamente, ele queria dizer que a visão macro dele já estava dada, todos sabiam, e nada ia fazer o mercado mudar o curso.

Talvez você, leitor, esteja rindo. Hoje, eu também dou risada, mas, na época, isso me estressou um pouco e não tirei o devido proveito do conhecimento de Carlos. Algumas pequenas lições até foram absorvidas, mas "a ficha só caiu alguns anos depois".

Uma coisa interessante é que o amigo poeta usava gráficos de linhas e costumava sobrepor os treasuries americanos, petróleo e SP500 em uma mesma tela. Ele dizia que o dinheiro é um só e flui do risco para a segurança e vice-versa.

Isso ficou evidente quando, em uma tarde, o analista afirmou que o movimento de queda do dia seria revertido, pois havia um fluxo de dinheiro que precisava entrar antes de o mercado fechar. E assim foi. Subitamente, o mercado engatou uma compra com volume e zerou as perdas da sessão.

Note que, em momento algum, eu falei de padrões gráficos, figuras e os estudos técnicos que estamos acostumados, pois o que esse meu amigo fazia era muito mais sofisticado do que replicar padrões, setups e receitas.

Ele lia e interpretava o mercado através dos gráficos e esse é um dos maiores benefícios da Análise Técnica, mas, na época, eu estava muito determinado a encontrar uma fórmula objetiva e engessada para perceber isso.

A essa altura, você provavelmente está se perguntando por onde anda Carlos, mas eu não sei e amigos em comum, daquela época, também não sabem. Em abril de 2009, eu passei a integrar a equipe de estrategistas da Inferfloat Corretora e nunca mais encontrei aquele grafista peculiar.

Como aprendi Análise Técnica para Day Trade?

A Interfloat era a grande referência dos traders profissionais há cerca de uma década. Como o pregão viva voz foi definitivamente extinto em meados de 2009, a gigantesca maioria dos operadores autônomos foi para essa corretora.

Imagem do extinto pregão Viva Voz.

A instituição possuía um andar inteiro com dezenas de estações com 2 telas (um requinte para a época), e uma equipe de apoio com operadores de mesa, analistas, profissionais de TI e até copeira. Lá eu conheci o Francisco Alves, que, na época, era gerente de mesa e já fazia seus famosos calls matinais.

Como até então o meu aprendizado sobre gráficos se aplicava a análises macro, ali tive a oportunidade de ver essa técnica servindo aos operadores de curto prazo. Tive que passar por um período de adaptação, pois as análises eram diferentes das que eu estava acostumado.

Os especialistas não usavam indicadores, suas análises passavam por vários timeframes, mas, na parte intradiária, permaneciam a maior parte do tempo em 5 minutos. Boa parte das referências se baseava em rompimentos de suportes e resistências e, anos mais tarde, eu descobri que isso se chamava Price Action.

Um ponto interessante é que o nosso papel era apenas identificar suportes e resistências e a decisão de atacar ou defender os pontos era tomada pelo próprio trader, pois essas referências variam de acordo com o contexto.

Até hoje, considero que aquele era um dos modelos mais interessantes para um analista atender traders de curto prazo; contudo, a necessidade de usar uma informação cada vez mais óbvia para atender o público iniciante exigia um call completamente engessado.

Por falar em atender o público iniciante, nessa época, eu precisei tirar a certificação CNPI-T, emitida pela APIMEC, para me tornar um analista técnico. Graças a essa exigência, tive contato com as teorias da Análise Técnica através de bibliografias recomendadas.

Parece que finalmente eu ia aprender um método totalmente objetivo e que me livraria da subjetividade. Isso de fato aconteceu, mas o resultado não foi tão bom quanto eu esperava.

Será que a Análise Técnica funciona Sempre?

Quando comecei a estudar a Análise Técnica por livros, tudo começou a fazer mais sentido. As figuras de candles e padrões gráficos que eu já utilizava, agora tinham nomes. E muito do que eu já percebia no dia a dia passou a fazer mais sentido com as teorias de Dow.

Além dos velhos aprendizados que foram reformulados, conheci novos indicadores e padrões técnicos. Com isso, até a comunicação com os clientes da corretora mudou e ficou mais refinada. Isso foi importante para o que viria a seguir.

Em de 2011, eu já havia sido promovido e era o responsável pela área de Análise da Interfloat Corretora. Então, em meados daquele ano, a XP Investimentos comprou e absorveu toda a instituição em que eu trabalhava.

Manchete sobre a fusão, na época.

A partir daí, passei a atender um público muito maior e mais “cru” em relação ao trading. Minhas abordagens educacionais precisaram se tornar mais básicas e minhas recomendações de operação mais fáceis de entender.

Então, com esse processo de simplificação, precisei cada vez mais seguir os protocolos e toda a teoria da Análise Técnica formal, deixando toda a bagagem subjetiva de lado. Isso era tudo que eu queria e, finalmente, cheguei no momento que ansiava há anos.

Foi incrível… incrivelmente frustrante.

Tudo aquilo que se encaixava perfeitamente na teoria, quando aplicado na prática, resultava em perdas. Claro que havia um ou outro trade bom, mas a quantidade de Stops Loss aumentou consideravelmente e, ao resgatar minha bagagem como trader, passei a ter muitos conflitos.

Muitas daquelas operações “de livro”, lindas e simétricas como se fossem uma pintura, não condiziam com as leituras de fluxo, por exemplo. Perdi a conta das vezes em que eu enxerguei o stop pelo Tape Reading, mas não podia desmentir a recomendação que havia acabado de dar por padrões gráficos. Isso era desesperador!

Hoje eu tenho base e experiência para entender que técnicas diferentes podem ser combinadas, mas isso depende das circunstâncias. Em alguns momentos, elas podem se complementar, em outros, se contrapor e, neste caso, não atuar pode ser uma boa decisão.

Atualmente, também entendo com mais clareza que os diversos estudos estratégicos, inclusive os gráficos, possuem margem para subjetividade e isso não é ruim, apesar de impor a qualquer estrategista a dura responsabilidade de decidir quando um determinado estudo é válido.

Infelizmente, não tive ninguém para me dar esse insight; aliás, pelo contrário, naquela época estávamos no início de um frenesi que até hoje resulta em uma contribuição negativa para os iniciantes no mercado: a onda dos Setups.

Setups funcionam?

Quero deixar bem claro que a seguinte declaração é minha, pessoal, e você tem todo direito de discordar: setups técnicos não funcionam. Inclusive, jamais conheci um trader consistente que operasse somente à base de setups. Explico em detalhes a seguir.

Você pode combinar quaisquer indicadores e padrões técnicos, fazer backtests, testá-los em simuladores e obter bons resultados. No entanto, em todos os casos que presenciei tais procedimentos, o negócio deu certo por um tempo, mas depois desandou.

Todos querem uma solução definitiva. Infelizmente, setups não atendem a esses requisitos.

Basta o mercado mudar a dinâmica, seja pela tendência, volatilidade, liquidez ou intervalo de preços, a fórmula para de performar. Então, para que um setup dê lucro no longo prazo é preciso: 1. Ajustar seus parâmetros eventualmente ou; 2. Aplicá-lo somente em momentos específicos ou ainda; 3. Fazer as duas coisas.

No entanto, um setup que não se usa sempre que as condições técnicas se apresentarem, não é um setup, mas, sim, uma análise. Inclusive, com todos os elementos de subjetividade e interpretação pessoal que uma típica análise apresenta.

Por isso, eu e muitos outros traders que conheço utilizamos setups com frequência, porém, jamais de maneira “cega”, ou seja, há uma triagem que define quando e onde usar essas fórmulas operacionais.

Essa simples explicação pouparia muitas frustrações, mas, há 10 anos, os novatos eram encantados com a possibilidade de ganhar dinheiro facilmente na bolsa de valores. Ninguém questionava aquelas sequências de procedimentos tão simples que até um chimpanzé conseguiria replicar.

Aliás, para atender à crescente demanda por resultados imediatos, a partir daquele momento, começaram a brotar “alquimistas de setups” em todos os cantos do país e o reflexo disso nós vemos até hoje: milhares de pessoas em busca do setup perfeito (que não existe).

Portanto, se você quer fazer bom uso da Análise Técnica, jamais poderá fugir da responsabilidade de estudar, praticar,  aprender e, assim, analisar o mercado. Somente com alguma bagagem você saberá ajustar seus setups e decidir quando os utilizar.

Qual a melhor forma de utilizar a Análise Técnica?

A partir de 2014, eu voltei a atuar como trader autônomo em tempo integral e uma vez que eu era o único responsável e beneficiado com as minhas decisões estratégicas, decidi rever e organizar toda a minha bagagem e experiência.

Isso não é o tipo de coisa que se faz como quem acabou de voltar de uma longa viagem de férias e vai desfazer as malas com roupas sujas e souvenirs bregas. Muitos dos conceitos que formam meus alicerces hoje só foram moldados após meses de operações práticas.

Aliás, desde que comecei a estudar Análise Técnica formalmente até 2014, uma voz ecoava na minha cabeça dizendo “esse negócio não funciona” e foi preciso  retornar às minhas primeiras experiências com gráficos para perceber algo que hoje é cristalino como água.

Análise, seja técnica, de fluxo, fundamentalista, macroeconômica, quantitativa ou de qualquer outro tipo, consiste em ler, interpretar e tirar conclusões pessoais sobre o mercado.

Toda análise bem feita é fruto de leitura e interpretação. É um processo pessoal.

A análise gráfica não tem nenhuma relação com replicar esquemas prontos; aliás, a própria palavra “análise” implica analisar, ou seja, pegar algo, estudar, fazer testes e, principalmente, tirar suas próprias conclusões. Faz sentido?

Não é o tipo de coisa que se aprende em um curso de final de semana, então, aqui chegamos em um ponto muito importante: para fazer bons trades, você não precisa apenas de bagagem teórica, mas também de muita vivência prática. Só assim para saber quais são os principais conflitos entre os exemplos perfeitos dos livros e a realidade.

Contudo, essa vivência prática implica cometer erros que vão consumir três recursos limitados para a maioria das pessoas: dinheiro, estabilidade emocional e tempo. Agora, além desse entendimento mais sóbrio sobre Análise Técnica, o que mais a minha jornada pode fazer por você?

Quanto tempo demorei para aprender Análise Técnica?

Considerando que comecei minha jornada em 2006 e só em 2014 tive um entendimento consolidado sobre a Análise Técnica, foram 8 anos de caminhada. Claro que essa trilha me trouxe até onde estou hoje, mas isso não significa que toda evolução precisa ser um martírio.

Em outras palavras, você não precisa cometer os mesmos erros que eu para me alcançar; aliás, depois deste texto, você terá total condição de absorver cada ano da minha trajetória em uma fração desse tempo. Mas como isso será possível?

O primeiro ponto é que, por ter que descobrir muita coisa por conta própria, a minha jornada não foi nada linear; na realidade, estava mais para um ziguezague sem um objetivo definido. Agora, você pode contar com uma orientação bem mais precisa.

Sua jornada como trader pode ser mais linear que a minha

Outra vantagem que você possui em relação a mim é que hoje existem traders e especialistas capacitados e acessíveis, disponíveis nos 12 meses do ano, com aulas ao vivo, chats e transmissões diárias. Não se esqueça que, nas instituições por onde passei, estavam todos ocupados exercendo suas funções e poucos tinham tempo para me ensinar com calma.

Ao longo deste texto, você já viu links com fontes de conhecimento que reúnem livros, sites e cursos, mas mais importante do que isso, vou dar-lhe referências sobre métodos e especialistas que vão agregar tanto quanto eu.

Onde aprender a fazer Análise (com) Técnica?

O aprendizado formal de análise gráfica você encontra em livros, cursos e muitos artigos disponíveis no Portal do Trader; contudo, apenas a teoria não é suficiente para que você de fato comece a ler e interpretar o mercado.

Quando criança, o fato de decorar o alfabeto não fez de mim um leitor logo de cara e demorou algum tempo para que eu, além de ler, pudesse interpretar e escrever textos mais extensos. Então, da mesma forma, decorar padrões gráficos e regras gerais não fará você ler e interpretar o mercado com plena compreensão do que está fazendo.

Você vai precisar de bagagem e vai poder acelerar o processo bebendo de múltiplas fontes.

Quanto maior seu repertório técnico, maior é a sua capacidade de gerar soluções, e como nenhum de nós viverá múltiplas vidas ao longo de séculos, nada mais eficiente do que criar um “banco de experiências” através dos outros.

Eu sempre bato nessa tecla, pois esse é o único atalho real no mercado:  aprender com grandes traders que já bateram muito a cabeça.

Você não precisa cometer todos os erros que eu cometi, pois esses especialistas estão há anos operando, errando, testando e você pode simplesmente absorver o que funcionou e vale a pena.

Estar com alguns desses nomes aqui no Portal é uma honra para mim e certamente podem ajudar você.

Eduardo Becker

Eduardo Becker é físico de formação, com MBA em Mercado de Capitais pela FGV e trader desde 2005, mas o mais interessante é que seu leque de experiências no mercado é tão amplo que atualmente é um dos professores mais requisitados no mercado financeiro.

Para você ter ideia, além do Portal do Trader, ele já deu aula na IBMEC, pós-graduação da FECAP, diversas instituições de investimento e até na própria bolsa de valores (B3). Mas o que o diferencia de outros especialistas?

Por possuir uma curiosidade natural sobre as coisas e gostar de estudar, Becker entende muito bem de Análise Técnica, Price Action, Análise Fundamentalista, Opções e Operações Estruturadas, Fundos Imobiliários, Minicontratos, Ações e Forex.

Contudo, seu ponto alto está na sua didática, capaz de dialogar com os mais diversos níveis de traders. Por isso, não é à toa que os cursos ministrados por ele dentro do Portal recebem as melhores avaliações.

Marcos Moore

O Marcos Moore é empresário, trader desde 2004 e foi sócio diretor do braço educacional da XP Investimentos. Atualmente, CEO do Portal do Investimento AAI, ele também é autor do livro “Ações – Quais comprar e quando comprar” e foi um dos sócios fundadores do Portal do Trader.

Moore também é um grande especialista em Análise Técnica, tendo preferência por operações de prazo maior tanto em ações, como commodities agrícolas. Se você planeja ampliar seu repertório em Análise Técnica, aqui está a sua referência.

Ele já esteve em muitas feiras de trading nos EUA e promoveu a vinda de grandes traders americanos para ministrar cursos no Brasil, por isso, bebeu de diversas fontes e hoje domina uma vasta quantidade de setups e padrões com os mais diversos indicadores técnicos.

Augusto Andréa

Augusto Andréa é economista pela PUC-Rio, com mestrado pela UFRJ e possui MBA em Gestão de Investimentos, também pela PUC. Pelo seu perfil, é especialista em ciclos econômicos, sobretudo ligados à Análise Técnica.

Augusto também possui uma noção aprofundada de Ondas de Elliott e projeções e retrações de Fibonacci, muito usadas em ciclos de movimentos tendenciais.

Curiosamente, foi um dos poucos traders que vi utilizar “contagem de candles”, ou seja, as projeções de Fibonacci na escala do tempo, após ver o método ser aplicado lá em 2008.

Conclusão

Neste texto, você teve acesso a um pequeno trecho da minha história e acredito que isso pode contribuir para que não perca tempo andando em círculos, como aconteceu comigo em alguns momentos da minha trajetória.

Espero que tenha ficado clara a visão da Análise Técnica como um instrumento de leitura e interpretação do comportamento do mercado e que você pode adquirir essa habilidade através da convivência com boas referências, ou seja, grandes traders que possuem uma ampla bagagem.

Aliás, é importante evidenciar que algumas coisas levam tempo; então, mesmo com a melhor orientação do mundo, a evolução não é instantânea. De qualquer forma, com certeza, você tem condições de amadurecer bem mais rápido do que eu, isto é, se souber aprender com os outros.

Pense em quanto tempo e dinheiro você vai poupar ao aproveitar a experiência de cada um dos especialistas que citei acima. Como você não viverá o suficiente para cometer todos os erros por conta própria, aproveite e aprenda com o erro dos outros.

É isso aí, o caminho já está dado, mas ninguém vai escrever a sua história por você. Então, mãos à obra, bons estudos e nos vemos no Portal do Trader!