Quais SETUPS um trader deve utilizar?
A história se repete. Tão logo descobrimos o mundo do trading e suas atraentes possibilidades, somos tomados pelo desejo de aprender o mais rapidamente possível para começar a operar. Afinal, quanto mais cedo começamos, mais cedo seremos capazes de realizar o sonho de viver exclusivamente de trading. E então fazemos planos sobre quanto estaremos ganhando por mês com nossa nova atividade. Chegamos mesmo a estimar o mês exato em que isso ocorrerá. Pouco tempo depois, a realidade bate duramente à nossa porta obrigando-nos a refazer planos e mudar estratégias.
Então vem a segunda fase. Nossas pesquisas concentram-se em achar o Santo Graal do trading, aquele setup matador capaz de nos garantir a almejada consistência e, claro, um salário bem alto. Na maior parte dos casos o que se vê são perdas sistemáticas ou, na melhor das hipóteses dias de ganho seguidos por dia de devolução dos ganhos anteriores.
Este segundo banho de água fria (virão outros) serve para ensinar-nos que não existe um setup matador, nem existe uma técnica ou ferramenta que garanta a consistência nos resultados do trading. E é assim por uma razão muito simples: o mercado é dinâmico! Por isso, mais do que ser um executor frio de ordens, e consciente da inconstância do mercado, um trader também precisa ser dinâmico e criativo – e aqui vale uma breve reflexão: de onde vem a criatividade?
Chacrinha, satirizando Lavoisier, já dizia que na TV “nada se cria, tudo se copia” . Apesar do tom debochado, a afirmação é muito verdadeira, pois na maioria das vezes tudo o que criamos é baseado num “repertório de conhecimentos”, além de experiências vividas (que também se armazenam em nosso cérebro em forma de conhecimento).
Portanto, uma pessoa com um vasto repertório tem melhores condições de elaborar soluções criativas e eficientes, enquanto pessoas com um repertório pobre e limitado criarão soluções igualmente pobres e limitadas. Seria um terrível engano (ou, no mínimo, ingenuidade) acreditar que um trader tem condições de se adaptar às dinâmicas do mercado baseado em apenas uma única técnica.
O comportamento de um ativo depende de inúmeras variáveis e por isso raramente se mantém constante. Há épocas em que o mercado fica consolidado por longos períodos e aquele setup seguidor de tendência passa a não funcionar mais. Então, estudamos e trocamos nosso setup por um setup próprio para mercados em congestão.
Então, rapidamente, como se estivesse vigiando nossos passos e quisesse arruinar nosso trabalho, o mercado passa a comportar-se de forma mista, ora em tendência, ora consolidado. Desanimador, para quem esperava encontrar o setup mágico garantidor de alta renda.
A isso somam-se as características psicológicas de cada trader. É comum a muitos traders não terem a paciência de esperar que seu sistema de trading mostre resultados. Após uma sequência de operações ruins, a primeira coisa que muitos fazem é trocar de setup.
E a cada nova sequência de resultados ruins, um novo setup é utilizado, muitas vezes trocado no mesmo dia. E assim, em pouco tempo entregamo-nos ao desânimo, crentes de que nenhum setup funciona direito e que o erro só pode ser nosso. Vem então o sentimento de culpa e passamos a questionar se devemos prosseguir tentando.
Antes de continuar, gostaria de indicar um curso que vai, literalmente, mexer com a sua cabeça: o Curso de Psicologia para Traders. Esse curso é gratuito e tem diversas dicas para você evitar essas falhas sobre as quais estou falando. Mas, continuando...
Esta sequência de fases é bastante comum e familiar à muitos traders, e ocorre por uma razão bastante natural: temos medo de perder, e por isso tentamos encontrar uma técnica que possibilite limitar ao máximo essas perdas. Mas como ainda não conhecemos as técnicas em profundidade, temos que testá-las para ver se funcionam.
Embora o backtesting e os simuladores nos mostrem bons resultados, é somente na prática em conta real que veremos a efetividade de cada técnica. A ironia é que, para conhecermos cada técnica, teremos que praticá-la para descobrir se funciona ou não. Então, até encontrarmos as que funcionam, teremos necessariamente que passar por aquelas que não funcionam. E para tornar o negócio mais complexo ainda, o que funciona para uma pessoa pode não funcionar tão bem para outra, pois cada técnica favorece determinados perfis comportamentais, e como já sabemos muito bem nãos somos todos iguais.
Por exemplo, pessoas analíticas, metódicas, objetivas e perfeccionistas contam com suas habilidades para reduzir margens de erro. Estas pessoas costumam ser boas com cronogramas, controle de qualidade e organização em geral. Normalmente são muito exigentes consigo mesmas e têm maior dificuldade em lidar com falhas, justamente porque suas habilidades contribuem para a diminuição de falhas.
Porém, operações perdedoras são imponderáveis no mercado, e se isto for considerado um erro (por mais que seja um fator natural do trading), as pessoas com as características citadas há pouco podem sofrer bastante após algumas perdas financeiras. Por isso, é comum ver pessoas com estas características trabalhando com modelos estatísticos e algoritmos, ou ainda com operações estruturadas, cujos ganhos e perdas potenciais estão devidamente calculados [nota: só me dei conta desta complexidade após passar por um curso de mapeamento comportamental, baseada na metodologia D.I.S.C. desenvolvida a partir dos estudos de William Moulton Marston].
Então após um longo período de tentativas e erros, descobrimos que não existe o setup campeão, mas sim setups adequados a diferentes estilos operacionais, diferentes situações de mercado, cada um respondendo à dinâmica dos ativos de um modo particular.
Cada ativo tem uma dinâmica própria e um mesmo setup que funcione neste ativo, poderá não ser tão efetivo naquele outro. Volatilidade, dependência do noticiário político ou econômico, liquidez e tantos outros fatores exigirão uma forma particular de se operar que eventualmente não funcionará em outro ativo.
Além disso, o comportamento do mercado é o resultado da ação conjunta de milhares de pessoas, cada um delas sujeitas à demandas profissionais, emocionais e financeiras, dependentes de variáveis macro e microeconômicas. E como isso tudo é dinâmico, então o mercado está em constante mudança – o que, naturalmente, exigirá que conheçamos mais de um setup, mais de uma técnica operacional e mais de uma estratégia
A técnica nada mais é do que uma ferramenta para tomada de decisões sobre compra e venda e essas decisões estarão fundamentadas em uma combinação do mercado, riscos assumidos, modalidade de operação, características do operador e a própria técnica.
Por isso é fundamental conhecermos mais de uma técnica. Conhecer e ser capaz de utilizar um repertório de técnicas variadas trará uma imensa vantagem competitiva ao trader que, com bom repertório, será capaz de rapidamente escolher e utilizar com destreza a técnica mais adequada para uma situação particular que o mercado apresente.
Este processo de aprendizado e montagem de repertório poderá ser lento se o trader optar pelo método da tentativa e erro. Caso queira ir por esse caminho, deverá preparar-se para um longo processo de pequenos ganhos e frequentes perdas que ocorrerão até que o trader descubra, por si só, o que funciona, o que não funciona, onde funciona e onde não funciona.
Há, felizmente, um modo de encurtar este caminho se o trader puder contar com a ajuda de traders experientes que já tenham passado por esse processo e estejam dispostos a ensinar o caminho das pedras (nada como um bom networking!).
Com mais ou com menos trabalho, o fato é que montar um repertório de técnicas permitirá ao trader operar em qualquer situação que o mercado apresente e a qualquer tempo. Neste nível, é inevitável o trader desenvolver, a partir das combinações de técnicas diferentes, um próprio jeito de operar e isto é o que chamamos de “DNA Operacional”...
Bom, agora que você entendeu a importância do repertório de técnicas, chegou a hora de desenvolver o seu, esse curso gratuito vai te dar uma bela abordagem para começar.
Bons trades e nos vemos no mercado!